terça-feira, 10 de novembro de 2009

Hoje é dia de rever os parentes

Faço esta reflexão hoje porque, apesar de saber e tentar viver o que vou dizer abaixo, não tenho praticado regularmente. Confesso.

Minha mãe teve 7 crianças e criou 6 filhos* de forma bem eclética, digamos assim. Nunca se ateve muito aos padrões ditos convencionais e sempre aproveitou todos os momentos, por mais inusitados que fossem, para nos dar algumas lições sobre os valores morais, éticos e espirituais de maneira a nos formar homens e mulheres honrados e bem-encaminhados na vida.
Um exemplo:

Aos 6 anos de idade, todos os meus amiguinhos estavam fazendo a "primeira comunhão". Fui até a Dona A. e perguntei se ela não iria me matricular. Ela então respondeu: - "Como posso matriculá-lo na "primeira comunhão" se eu nem sei qual a religião que você vai seguir? Acalme-se que, no tempo certo, você fará a sua Comunhão".

Tive a sorte de ser o caçula. Dona A. estava com seus 45 anos quando nasci. Já havia passado muita água por baixo da ponte e o laboratório que os meus outros 6 irmãos proporcionaram, ajudou bastante. Ela sempre nos ensinou que devemos celebrar a vida.
Aproveitar as pessoas e a convivência, a amizade e o companheirismo o quanto pudermos.
Levar flores para alguém, enquanto este alguém pode apreciá-las.
Dizer para nossos amigos e companheiros o quanto eles são importantes, não no seu leito de morte, mas a cada instante, através de gestos, palavras ou de um simples olhar.
Trazer para perto de nós, os amigos e pessoas que possam crescer e nos fazer crescer de forma consciente.
Esta é a regra para uma vida plena.

Hoje irei rever vários parentes e amigos que não vejo há um bom tempo.
Iremos enterrar um deles e, por um breve momento, todos irão pensar exatamente como a Dona A. sempre nos disse para pensar não por breves momentos, mas pela vida toda:
"Acho que eu deveria gastar mais do meu precioso tempo convivendo com meus parentes e amigos...um dia eles acabarão".

Este pensamento vai durar, na melhor das hipóteses, dois minutos (que é o tempo que alguém que "trabalha sobre si" consegue reter um pensamento Consciente). Para que isso passe do plano das idéias para o plano das ações, devemos praticar o tempo todo, mesmo que por breves momentos. Com algumas ações simples podemos incutir este ato em nossas vidas.
  • Lembrou-se de alguém, ligue. Mande um e-mail. Mande uma carta manuscrita. Se faça presente.
  • Convide os amigos para uma mesa de comidas e bebidas, não em restaurantes, mas na sua casa e não com pizza "delivered", faça a sua pizza!
  • NUNCA rejeite um convite para encontrar-se com alguém. Se vire para conseguir honrar um compromisso de reunião entre amigos, seja aniversário, casamento, chá-de-cozinha, assisitir ao vídeo de um casório...Tens idéia do esforço que o outro fez para que você estivesse à sua mesa ou em sua companhia?
  • Vai na casa de alguém, leve uma flor. Pode ser uma violeta de R$0.99 do supermercado. Cada vez que teu amigo olhar para o vaso, energias entrarão em movimento (afinal é o "kokiyu" que move o mundo...).

Faça com a Dona A. sempre diz: "Celebre a vida. Quem morreu já passou. Não se entristeça nas reuniões de velório. Relembre os bons momentos e sobretudo não chore, pois, nós choramos, não pela pessoa em si, mas pelo que ela deixará de fazer por nós".

Perca um minuto do seu precioso tempo e ligue para alguém querido, enquanto dá.

É isto.

* Meu primeiro irmão não completou um ano.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

"Doce ilusão" ou "foi bom enquanto durou"...

Cinco dias.

23 a 28 de Outubro de 2009. Esta foi a duração de uma ilusão.


Deixe-me explicar:
Comprei meu primeiro carro à duras penas pelos idos de 1988. Era um Fiat Uno.
Ah! Italianos, os Italianos...destes eu posso falar com conhecimento de causa..."vabè"...tá no meu sangue, fazer o quê?!

Teimoso que sou, vendi "il Primo Uno" e comprei um segundo Uno, il Nero. Pouco tempo depois "ganhei" um Palio (na verdade recebi num "rolo" com meu irmão). Vendi o Nero e fiquei só com Palio.

Nos Unos, os defeitos de sempre: câmbio projetado por arquitetos, elétrica projetada por médicos e arrefecimento projetado por advogados...
Já o Palio, este desafiou meu diploma de engenheiro elétrico. Simplesmente parava. "Stanco morto"! Do nada. Desligava onde quer que estivesse, morto como a superfície da Lua. Às vezes andando, às vezes parado. Troquei tudo. Bateria, caixa de comando da ignição, caixa de comando da injeção, chicote, etc. Horas, dias, semanas perdidas tentando encontrar a falha com o amperímetro e o osciloscópio ligados ao carro até que decidi passá-lo pra frente (devolvi pro meu irmão roleiro e PT saudações).

(Neste intervalo, tive um "segundo carro" era um Jeep Willys 1975 3.6 l, roda lameira, carroceria vermelha de capota conversível. 3,5 km/l de gasolina. Nunca fui tão feliz na minha vida. O máximo que acontecia era eu usar um clip para prender o cabo do acelerador na borboleta do carburador quando soltava...tempo bom...se eu sobesse que iria me separar da minha primeira esposa, teria mandado ela passear antes que ela começasse a reclamar do espaço na garagem e das manchas de óleo no piso frio. Ah se eu soubesse. Estava com ele até hoje...)

Corsa. Este era pau pra toda obra, mas já estava velhinho e o problema crônico da lubrificação deficiente do cabeçote já começava a dar sinais...este foi com dor no coração que me desfiz, mas tudo na vida tem seu tempo, e o dele já havia passado.

Ford Ka. Vou pular esta parte. Me recuso a comentar esta besteira que fiz na vida.

Fox "zero km". Show de horror. Assistência técnica péssima, carro feito "nas coxas", cordão de solda aparecendo pra onde quer que vc olhe, elétrica problemática (2 recalls em 4 meses). Barulhento e beberrão. Mais parecia um Russo do que um Alemão. Aqui cabe um parêntesis: o alemão sempre perde a compostura e se revela depois das 22h00 e 3 ou 4 schnapps goela abaixo...

Então a Dona Patroa decidiu ter um carro "design". Fomos atrás de um Francês. Que tiro no pé! Ela encarnou com o C3 da Citroën.
O carro só me deu problema: bonitinho mas ordinário. As concessionárias são um lixo (pudera, são todas do mesmo dono). Pessoal técnico despreparado e o pior, tentam te enrolar de tudo quanto é jeito pra cobrar um "extrinha". O carro é desbalanceado. O CG fica deslocado para a esquerda em função da distiribuição de massa do motor. Conclusão: tudo se desgasta de forma acelerada no lado esquerdo. Freios, suspensão, pneus, etc. Aqui fica um desafio: trocar a lâmpada do farol esquerdo dianteiro sem desmontar o pára-choques.
Tive que falar com o pessoal da TRW dos Estados Unidos para que alguém dentro da Citro-ruim desse ouvidos às minhas reclamações sobre os discos de freio desde os 3.000km.

Uns dois meses atrás, sentamos eu e a Dona Patroa para comprarmos um novo carro. Desta vez nada de design ou carro da moda. Eu disse: tem que ser Japonês. Sistema Toyoda da Produção. 5S, Kaizen, Six-Sigma, Tecnologia de ponta, econômico, pequeno em função da consciência ecológica e alinhado com as tendências da vida simples.

Começamos a perguntar para os amigos e a procurar na internet nos sites de reclamações. Honda ou Nissan? Tudo apontava para estas duas opções até que sofri um acidente na Dutra dentro de um Civic. O coitado do carro se acabou e eu não sofri nem um arranhão sequer.

Decidido. Vamos pegar um Honda.

Fomos à concessionária e deixamos o C3(rodas) da Citro-ruim para compramos um Honda FIT (ainda não tenho idade para sair por aí pilotando um Civic...). Isto foi no dia 22 de Outubro de 2009.

Do dia 23 ao dia 28 fui a pessoa mais feliz do mundo, até que senti uma coisa estranha no pedal do freio. Quando você pisa levemente, o servo-acionamento retorna o seu esforço imprimindo uma contra-força no pedal, ou seja, você solicita o freio e o carro responde "solicitando" seu pé.
Relembrando o Ogata (pai da realimentação e controle), é como se o sistema de servo-acionamento recebesse um impulso em fase com a alavanca do pedal ocasionando a realimentação positiva do sistema, fazendo-o oscilar.

Pois é.
Carro novo, sem placa, e já veio bichado da fábrica.
Agora é o de sempre:
Ligar no SAC. O SAC responde: está na garantia, leve-o à concessionária mais próxima.
Levei na concessionária: só tem horário na semana que vem. O carro vai ficar por 2 dias. Um dia para desmontagem e análise e outro dia por "segurança" (de quem?). Mais 3 dias se tiver que vir alguma peça da fábrica.
Nessa brincadeira, são 5 dias mais o final de semana à pé, fora o tempo perdido.
Quem me paga por isto?
O Sr. Tetsuo Iwamura? Algum Kami de plantão? O próprio Budha?

Me sinto como a criança que ganha o bate-e-volta do tio e, o maldito tio, não dá as pilhas junto com presente.

Se o carro é tão bom quanto falam, não sei. Mas pelo que se desenha neste começo, acho que deveria ter optado por um carro Chinês.
Pelo menos eles não te vendem gato por lebre. Você compra sabendo que está levando um gato e, melhor ainda, paga pelo gato que está levando.