quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Sooji

Sooji.
Ritual de limpeza que praticamos regularmente no Dojô (=local de treinamento).
O sooji tem dois aspectos muito importantes:
1) Propicia um local agradável aos treinamentos das artes e esportes marciais.
2) Evoca o "senso de local purificado onde as energias de baixa vibração não podem habitar", na falta de uma palavra em português que expresse este sentido.

Esta semana, eu e o B. nos contundimos durante a prática do Aikidô.
Foram duas situações diversas, em circunstâncias muito diferentes, mas que têm uma só origem:
Ki estagnado.
O Ki, como o sangue em nossas veias, é um fluido que tem que circular constantemente. Quando o Ki flui, a Natureza respira (kokiyu) e tudo acontece conforme os desígnios das forças organizadoras do Cosmos (chamem issso como quiserem. Deus. Allah. Jeovah. Brahma. Budha. Rá. GADU. etc)
Quando o Ki pára, cessa a afluência da vida organizada e inicia-se o processo de estagnação-morte-dissolução. Nada mais natural. Vemos isso o tempo todo em todas as escalas do Universo. Da partícula sub-atômica com vida-média de 1 picossegundo às galáxias que levam bilhões de anos para completarem seus ciclos de vida e morte.

Nós, que praticamos o sooji regularmente no dojô, devemos trazer para o nosso dia-a-dia o hábito de praticar o sooji constantemente em tudo o que fazemos.
Não só no ambiente físico que nos cerca, mas também no nosso interior, seja no trabalho, nas relações pessoais e de amizade, nas relações sentimentais etc.
Quando mantemos tudo limpo e organizado, tirando do nosso caminho tudo o que atrapalha, acabamos por fornecer os meios pelos quais a Natureza pode se manifestar de forma plena e absoluta em nós e no ambiente que nos cerca.

É minha experiência pessoal: quando nos machucamos durante os treinos, arrisco dizer, que é a Natureza avisando que temos que por em prática o "sooji pessoal" o mais rápido possível.

Reflitam. Se algo não vai bem, pratiquem o Sooji. Deixem o caminho limpo para a Natureza seguir seu curso. Mais cedo ou mais tarde, este fluxo organizador acabará levando você junto em direção à algo maior.

Façamos a nossa parte que o Natureza faz o resto, como vem fazendo há alguns bilhões de anos...

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Pausa criadora

É mister saber encarar as pausas do nosso dia-a-dia como uma parte fundamental do "plano-mestre" da vida.

Tudo na Natureza obedece à "Lei dos Ciclos". Porque seríamos diferentes?
Só porque somos Homo Sapiens?
E qual é essa sapiência, ou melhor, sabedoria que nos afasta dos reais ciclos naturais?

Precisamos à todo custo resgatar a simplicidade da existência. Isto não quer dizer que o morador de uma cobertura de luxo deve largar tudo e se enfiar no meio da roça. Quer dizer sim, que devemos olhar e entender as coisas que nos cercam de forma simples, sem mascará-las com a nossa imaginação (que tem outra função muito mais nobre), criando novelas e filmes, dramas e comédias das quais não precisamos, em absoluto, para viver.

Resgatemos a inocência da infância mas com a sapiência dos anos vividos e lições aprendidas. Ninguém é mais ou menos que seu próximo, ou o alface que comeu no almoço. No final das contas, tudo se resume aos 116 elementos químicos da tabela periódica.
Ah! Antes que me desvie do assunto. O que diferencia um elemento químico do outro é justamente a presença das pausas naturais entre as camadas dos níveis de energia, lugar onde habitam os elétrons.
Até no microcosmo, a necessidade da pausa se faz presente para que a Natureza possa operar de forma organizada.

Façamos a nossa pausa. Paremos ao longo do dia para refletir. Não de maneira fútil, absortos em divagações e devaneios, mas de forma consciente e com um objetivo em mente:
"Aprender. Aprender para evoluir e, evoluindo, levaremos os que estão à nossa volta junto através do exemplo, pois não podemos trabalhar por ninguém, só por nós e para nós.
Faço a minha parte e o Universo se encarrega do resto, seja para cima seja para baixo, isto é por nossa conta e risco"!

Pausa.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Sequência

Saio de casa às 4h30.
Táxi à espera, 22 minutos até o Campo Belo, sem trânsito nem faróis vermelhos na Bandeirantes.
Chego na casa do E. porém ele saiu para tomar café. Espero exatos 8 minutos.
Iniciamos a jornada até o Rio. São 5h05.
São Paulo com o trânsito dos sonhos de qualquer paulistano.
Paramos em Cachoeira Paulista para mais um café, adicione-se 12 minutos. Retornamos à estrada.
Chegamos no nosso destino às 10h15min. Graças ao GPS e á Maria, nos perdemos tentando achar a Nilo Peçanha no emaranhado de ruas e vielas (todas contra-mão) que é o centro da cidade maravilhosa.
Após 22 minutos de luta resolvemos parar onde der e ir à pé até o escritório da Petrobrás.
Fazemos nossa reunião em 15 minutos. Encontramos alguns conhecidos e amigos pelos corredores e perdemos algum tempo conversando.
Saímos de lá às 11h55min. Pegamos a linha vermelha e paramos no caminho para almoçar. Sanduíche de salsicha caseira com chucrute artesanal e mostarda holandesa. Muito bom!
Retornamos à Dutra. após a serra, em Piraí, o E. resolve parar de novo. Desta vez no Fritz.
Toma um café e após 6 minutos retornamos à Dutra.
Ao iniciarmos a marcha de volta a SP no quilômetro 277 a leve neblina se torna momentaneamente uma garoa forte. Questão de uns 30 segundos de chuva fina, não mais que isso. Bastou.
Exatamente às 14h23min, todo o óleo diesel que os caminhões, de tanque cheio em função do início da jornada da Dutra rumo a SP deixam nesta curva pelo "ladrão", sobem à tona do asfalto em função da chuva sem força para levá-lo ao acostamento. Poças de óleo com água se formam nestes segundos de chuva, neste exato e fatídico horário.

Entramos na curva com nosso samurai sobre rodas, e como um samurai ensandecido e cego pela batalha, este perde o controle e começa a rodar na pista desferindo seus golpes à esmo.
O samurai descontrolado não atinge sequer um oponente. Estes haviam abandonado o campo de batalhas naquele exato momento. Nenhum sequer, carro ou caminhão, mureta ou guard-rail.
Pudemos executar toda a nossa coreografia com a pista desobstruída, tendo como testemunha somente a garoa que ainda caia e a mata fechada ao nosso lado.
Nós dentro do carro sentimos a paisagem mudar num piscar de olhos. A pista se torna mata, que se torna pista que volta a ser mata até que a visão é interrompida pelo air-bag que se abre.
Um tranco.
Subimos a mureta após o acostamento.
Plano ou barranco? Para cima ou para baixo? Tomara que seja para baixo. Muitos metros ou poucos metros? Espero que poucos.
Tudo continua rodando em espiral descendente.
O samurai sucumbe à batalha e vai parando lentamente. A fumaça do vapor do radiador invade o habitáculo.
Caímos na vala com nosso samurai já mutilado e completamente morto. 3 metros aproximadamente.
Graças ao Dô, saímos incólumes. O espírito oriental de perseguir a perfeição, seja lá qual for a arte. Bushido, Shodô, Txaidô, Sumiê, desenho de cintos de segurança-dô ou perfeição dos sistemas de controle do air-bag-dô, não importa. O que importa é que o resultado foi satisfatrio. Mais que isso, garantiu que eu estivesse aqui hoje refletindo sobre o ocorrido.

...
Acordo atrasado.
Táxi demora 2 minutos para chegar.
Trânsito na Bandeirantes.
Um semáforo vermelho ao invés de verde.
O E. não foi tomar o primeiro café.
Ao invés de Cachoeira Paulista, fosse Queluz.
GPS + Maria acertam o endereço de primeira.
Reunião mais cedo ou mais tarde.
Garçon trouxesse os sanduíches mais cedo e a conta mais rápido.
Um caminhão na serra nos obrigando a diminuir a marcha.
O Fritz não tivesse café...

Teríamos passado a fatídica curva antes da garoa ou depois.