segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Quanto tempo leva para ser um mestre de Aikidô?

Hoje um Amigo me fez esta pergunta.
A princípio minha mente se encheu de imagens do Ô-Sensei, Kato-sensei, Saito-sensei, Tissier-sensei e por aí foi.
Golpes perfeitos. Movimentação impecável. Base sólida e natural.
Verdadeiras montanhas de força, vigor e leveza que se movimentam como o vento e desaparecem num átimo para reaparecer em seguida fazendo seus ukês alçarem vôos distantes...

Porém veio outra coisa à minha mente logo em seguida, na verdade foi uma pergunta:
- O que é a maestria? Não a maestria só de uma arte-marcial, mas a maestria per se.
...

No meu entender, a maestria é quando todas as nossas forças internas se organizam para alcançar um objetivo tendo em vista a perfeição.
Vejam bem, não disse alcançando a perfeiçao, senão almejando a perfeição.

Sob esta ótica, um mestre é todo e qualquer indivíduo que dobra seu espírito, corpo e mente na perseguição de um objetivo.

Não aqueles que desistem no meio do caminho. Estes são os nossos colegas de todo o dia. Não devemos julgá-los, afinal cada um tem seus motivos para iniciar um projeto ou sonho e abandoná-los no meio do caminho.
Cada um tem o seu Dô (=caminho) pessoal a seguir, não cabendo à nós fazer qualquer tipo de julgamento ou tomada de partido.
Só podemos constatar quais são os mestres e quais são os seguidores, quais são os atores e quais são os espectadores...

Porém o que faz uma pessoa se tornar um mestre, um ser diferente, um Lobo da Estepe no meio dos burgueses (como diria Hermann Hesse) é a capacidade de fazer melhor, a cada instante. Melhor que ontem e com certeza, melhor amanhã do que foi hoje.

A persistência é o combustível dos mestres. Os obstáculos, seus exercícios diários e fontes de sua força e determinação. As falhas, seus momentos de descanso. Porém, o objetivo final, está sempre à vista!

Dito isto, posso afirmar com certeza absoluta que, aquele faixa-branca nos seus "...enta" e poucos anos de idade, com filhos e até netos, que deixa o conforto da sua casa, numa noite de garoa e frio e se dirige ao Dojô para aprender a dar os primeiros passos numa arte-marcial, é um mestre; se não um mestre desta arte-marcial específica, um mestre na "difícil arte de dobrar o espírito".
Um mestre na forja do dia-a-dia, onde o golpear do seu corpo-mente-emoção acabará por produzir uma pessoa diferente do que ela era. E, a cada dia que persistir nesta árdua tarefa, melhor será o seu grau de maestria. Não aos olhos dos outros, mas aos seus próprios olhos, pois pode ser que não passe da faixa-branca, mas cada malho que seu espírito tomou, se converterá, absolutamente, numa recompensa futura.

Meu caro J., espero ter respondio à sua pergunta.

Grande abraço.

PS.: Conheço faixas-pretas que estão à anos-luz de se tornarem mestres e faixas-brancas que, mesmo não conseguindo fazer um rolamento direito, me ensinam coisas maravilhosas todos os dias.

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